terça-feira, 30 de junho de 2009

Velhice



Lá estava ela, ali parada.
Um misto de medo e pressa.
Paralisada diante do trânsito frenético.
Seus pensamentos também tinham pressa,
queria chegar logo ao outro lado da rua.
Mas,
sua pele clara, quase transparente, suas mãos trêmulas, as pernas frágeis e lentas não acompanhavam mais o vigor da rua.
Os cabelos ralos e brancos voavam lentamente, como pena de pássaro perdida.
Seu olhar sensível e doce procurava o olhar de algum motorista que quisesse parar.
Sua memória a fazia lembrar de momentos em que aquelas pernas eram mais rápidas do que a de qualquer menino peralta. E, atravessava a rua em milésimos de segundos rindo alegremente.
Aos poucos aprendera olhar para os dois lados.
Mais tarde, no vigor da juventude, parava de mãos dadas com seu amor, assim sem pressa. Querendo mesmo permanecer ali sentindo o calor das mãos.
Segundos intermináveis de um passado presente. Pura vivacidade na memória latente. Extrema magnitude de detalhes em cada lembrança.
Sorri, quer quase correr, mas ainda esta ali.
Alguém se aproxima,
quer ajudar-lhe.
Percebe-se frágil outra vez. Relembra que a vida é efêmera.
Ainda há pouco era puro frescor. Agora as pétalas tomam consciência que o entardecer chega velozmente.

Obrigada meu filho, aceito sim sua companhia até o outro lado da rua.

O sonho

Tal qual passarinho no ninho,
protegido, escondido, dormindo.
Estava em sua cama o menino sonhando.
Sonhava com uma bola azul.
Havia dias esse sonho o perseguia,
queria realizá-lo de qualquer maneira.
A mãe, ocupadíssima, do oficio de ser mãe
mal tinha tempo para ouvir o pedido do menino.
A bola o chamava para o jogo todas as noites
e quase sempre ele não conseguia tocá-la...
E assim foi por semanas intermináveis.
Num dia frio qualquer,
enquanto iam a padaria,
o menino avistou ao longe um ambulante que vendia bolas muito coloridas.
Correu em disparada ao encontro dele.
Moço, disse o menino enquanto retomava o fôlego, eu quero uma bola azul.
Ah, responde o ambulante que não conhecia os sonhos daquele menino, não prefere uma toda colorida?
Não, desejo uma toda azul. É meu sonho!
E lá estava, era linda, como se sorrisse de maneira encantada para o menino.
A mãe, apressada, pagou pelo sonho.
Já em casa o menino brincou horas e horas esquecido no jardim.
Conseguia enfim tocá-la a fazendo sua.
Realização de um sonho.
Chegando a noite, a cumpridora do ofício, grita que é hora de parar de brincar.
O menino, já cansado, pega seu sonho azul, olha com toda ternura, e a chuta para um canto esquecido no jardim.
O sonho, lentamente, chega a seu destino.
Ficará esquecido perto da bola amarela, e da vermelha, e da roxa, e da branca com estrelinhas pretas...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados

os dias [chatos] são como poeira na estrada de nossa existência
amanhã é um outro dia
com sua dor e/ou euforia!

Ano que vem quem sabe
fantasia.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Morte

Borboletas voam no meu jardim.
São lindas, multicor, esfuziantes, delirantes
Desejo agarrá-las
Guardá-las em mim.
Morreram todas!