domingo, 15 de novembro de 2009

O encontro

Tudo parecia meio estranho naquela noite.
Não eram os mesmos aromas de “todo dia”.
Havia uma atmosfera diferente, um ar de mistério e desejo.
Os olhos perseguiam o olhar do outro.
As mãos se tocavam e cada centímetro encoberto parecia
usufruir daquele toque nas mãos.
O barulho, as pessoas, os garçons, todos passavam como
que brisa suave lá fora ao fundo.
Nada parecia atrapalhar aquele momento indefinível.
Só o coração compreendia, a pele antevia, os olhos sorriam
Tudo era perfeição

domingo, 18 de outubro de 2009

O maior medo era o de ficar a sós com ela.
Ali no meio da galera era fácil administrar as gracinhas e piadinhas de todos,
“Segura na mão” “Beija na face” “Dá um beijinho na boca”
Todos gritavam eufóricos.
Era quase simples cumprir tão deliciosos pedidos.
Mas, e depois? E mais tarde? E se saíssem e nos deixassem ali?
O que eu iria dizer?
Como me comportar?
Beijar de verdade? Revelar o quanto gostava daquela ruivinha tão delicada? Comentar sobre quão belos eram seus delicados pés? Ou afirmar que, ao sol, seus cabelos pareciam mesmo continuação dos raios do astro rei, como dizia a professora de matemática cada vez que entrava na sala. Perguntar: quer jujuba? E se ela simplesmente sair também? E se disser que nem gosta de mim?
Tantas dúvidas me apavoravam, tiravam o sono, descompassava as linhas musicais de minha vida.
A galera prometeu que dá próxima vez iriam sair aos poucos pra ver se finalmente surgia alguma coisa que durasse muito mais que apenas intervalos entre as aulas.
Assim foi naquela segunda-feira, depois de talvez o mais longo fim de semana de minha vida até aqui.
Foram saindo um a um, ficando só eu e minha menina.
Longo silêncio. Mãos frias. Calor em cada poro. Ela de olhos baixos eu de olhar fixo em sua face meiga e convidativa. Encostei. Toquei-lhe levemente as mãos. Meus lábios tocaram suavemente os dela. E ali ficamos os intermináveis e breves minutos do intervalo.
Por fim um abraço leve e a certeza que amanhã será ainda melhor.

A lágrima

Estava tudo tão silencioso que seria impossível não ouvirem aqueles soluços estranhos que sempre aparecem quando a gente chora.
Parecia que todos resolveram inclusive parar de respirar
Talvez se uma borboleta passasse bailando fosse possível ouvir o toque suave de suas asas na brisa invisível.
Insisti em não deixar que percebessem meu choro
Até que alguém em voz firme e curiosa, como somos sempre, vira-se ao ouvir a lágrima pingar em algum lugar da pele e pergunta o que está acontecendo.
Mas eu não queria falar, adoraria estar ali apenas sentindo a lágrimas rolar chamando assim todas as outras que até então estavam bem guardadas nalgum lugar dos meus olhos.
Em alguns momentos não há muita explicação
Há apenas vontade de deixar ela vir molhar nossos olhos
E face
E peito
E mãos...
Não há mesmo o que contar
Algumas dores simplesmente se instalam e só se vão depois que a lágrima vem e limpa tudo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Amanhã

Sensações provocantes, desejos esfuziantes

Vontade, vontade

Segredo

Na madrugada onde ninguém veja

Sem que haja testemunhas, notícias, artigos

Ali, naquele quase silêncio onde nossa respiração se confunde

E mistura-se ao fato de o amanhã não existir

Outras faces virão amanhã

Amantes não constroem amanhã

Só existe o agora, à vontade, a volúpia, a pressa, o doce engano.

A perspectiva de um amanhã em comum é bem mais perigosa quando é frustrada.

Vivamos agora, é tudo que temos.

O momento é suscetível ao controle... o amanhã é sujeito a instabilidades.

domingo, 9 de agosto de 2009

O menino do estilingue




Eis o menino parado em sua janela
Olhando o vazio da rua
Parado enquanto nada lhe vem à cabecinha também vazia
Lembra-se do presente comprado há tanto tempo.
Volta para o quarto, outra vez parado diante da bagunça
E agora? Onde está? Onde eu o guardei?
Pensa levemente, procura pausadamente com os olhos...
Mas só vê o amontoado de mil coisas espalhadas.
Em sua cabeça, até então vazia, ouve vozes, frases, discursos
“Arrume este quarto menino”
“Quando precisar de alguma coisa com urgência nada há de encontrar”
“Onde estão aquelas meias coloridas que te dei? Iam combinar com a camisa cor de céu”
O estilingue é o que ele deseja encontrar
Se vê obrigado a arrumar
Em sua busca escava lembranças
Saudade
Dor
Alegria
Encontra bilhetes, uma foto perdida fazia tempos e tempos
Uma letra de música que o faz pensar em sua menina
Os brincos perdidos da mãe
A tampa esquecida de certo frasco de perfume...
Tão surreal tornou-se aquela arrumação
Que aos poucos sua cabeça outrora vazia
Enchia-se de certezas, decisões, euforia!
Era tudo que ele queria!
No fim, bem no fim da aventura
Quando tudo resplandecia e parecia haver harmonia
Sentou-se no meio do quarto
Tudo parecia claro, arrumado dentro de si
E lembrou-se que no início da tarde buscava apenas um brinquedo perdido.
Riu ao lembrar que o estilingue estava estrategicamente guardado no quintal onde ninguém poderia encontrar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Poesia

Sinto falta de escrever,
mas nesses dias onde tantos sentimentos gritam aqui dentro
a mulher, a mãe, a amante
me confundem, se misturam, entontecem.
Roubam a cena, escondem as palavras.
A dor nem sempre é poesia
o amor nem sempre fantasia
a vaidade nem sempre euforia.
As mãos param, convidam o pensamento
as emoções
Nada obedece.
Todos os termos, sentenças, detalhes
não acompanham a finura dos dedos.
Eles desejam transpor o que sentem nos poros
porém,
não encontram as formas, as linhas, o caminho.
A poesia não acha as palavras.
A mulher quer abrigo.
A mãe quer respostas.
A amante quer dormir.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Velhice



Lá estava ela, ali parada.
Um misto de medo e pressa.
Paralisada diante do trânsito frenético.
Seus pensamentos também tinham pressa,
queria chegar logo ao outro lado da rua.
Mas,
sua pele clara, quase transparente, suas mãos trêmulas, as pernas frágeis e lentas não acompanhavam mais o vigor da rua.
Os cabelos ralos e brancos voavam lentamente, como pena de pássaro perdida.
Seu olhar sensível e doce procurava o olhar de algum motorista que quisesse parar.
Sua memória a fazia lembrar de momentos em que aquelas pernas eram mais rápidas do que a de qualquer menino peralta. E, atravessava a rua em milésimos de segundos rindo alegremente.
Aos poucos aprendera olhar para os dois lados.
Mais tarde, no vigor da juventude, parava de mãos dadas com seu amor, assim sem pressa. Querendo mesmo permanecer ali sentindo o calor das mãos.
Segundos intermináveis de um passado presente. Pura vivacidade na memória latente. Extrema magnitude de detalhes em cada lembrança.
Sorri, quer quase correr, mas ainda esta ali.
Alguém se aproxima,
quer ajudar-lhe.
Percebe-se frágil outra vez. Relembra que a vida é efêmera.
Ainda há pouco era puro frescor. Agora as pétalas tomam consciência que o entardecer chega velozmente.

Obrigada meu filho, aceito sim sua companhia até o outro lado da rua.

O sonho

Tal qual passarinho no ninho,
protegido, escondido, dormindo.
Estava em sua cama o menino sonhando.
Sonhava com uma bola azul.
Havia dias esse sonho o perseguia,
queria realizá-lo de qualquer maneira.
A mãe, ocupadíssima, do oficio de ser mãe
mal tinha tempo para ouvir o pedido do menino.
A bola o chamava para o jogo todas as noites
e quase sempre ele não conseguia tocá-la...
E assim foi por semanas intermináveis.
Num dia frio qualquer,
enquanto iam a padaria,
o menino avistou ao longe um ambulante que vendia bolas muito coloridas.
Correu em disparada ao encontro dele.
Moço, disse o menino enquanto retomava o fôlego, eu quero uma bola azul.
Ah, responde o ambulante que não conhecia os sonhos daquele menino, não prefere uma toda colorida?
Não, desejo uma toda azul. É meu sonho!
E lá estava, era linda, como se sorrisse de maneira encantada para o menino.
A mãe, apressada, pagou pelo sonho.
Já em casa o menino brincou horas e horas esquecido no jardim.
Conseguia enfim tocá-la a fazendo sua.
Realização de um sonho.
Chegando a noite, a cumpridora do ofício, grita que é hora de parar de brincar.
O menino, já cansado, pega seu sonho azul, olha com toda ternura, e a chuta para um canto esquecido no jardim.
O sonho, lentamente, chega a seu destino.
Ficará esquecido perto da bola amarela, e da vermelha, e da roxa, e da branca com estrelinhas pretas...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namorados

os dias [chatos] são como poeira na estrada de nossa existência
amanhã é um outro dia
com sua dor e/ou euforia!

Ano que vem quem sabe
fantasia.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Morte

Borboletas voam no meu jardim.
São lindas, multicor, esfuziantes, delirantes
Desejo agarrá-las
Guardá-las em mim.
Morreram todas!

domingo, 31 de maio de 2009

As pessoas existem?


Estou cá a pensar...
as pessoas existem?
ontem você não era nada
para mim não eras nada.
inexistia.
e hoje chega aqui me invadindo
traz consigo manias
família
costumes
aromas,
suspiros,
risada,
sussurro
tudo novo.
existias antes de chegar a mim?
acho que não! se sim,
como então eu não sabia de ti?
desse seu cabelos ao vento,
dessa sua cor de veneno,
desse seu tom de “já sou sua”.
penso que estais a brincar aqui comigo.
não, tu não existias. eras nada. fostes criado ontem
só em meu favor.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Indefinido

Sentimentos palpáveis
alguns são por assim dizer quase duros como rocha
inquebráveis
intransponíveis
por si juram viver eternamente
mas eis que surge o tempo
a falta
o fim.
Os tais sentimentos palpáveis torna-se leves
incolores
insípidos
sem sabor algum.
Viram dor,
dissabor
des-amor.
Não que o sentimento acabe
ele apenas deixa de ser palpável
e aguarda a hora exata de não mais ser
.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Nuvens

Você já tentou segurar uma nuvem em suas mãos?
Ela está lá no céu
Linda
Tão branquinha
No lugar onde deve estar
Mas eu não contente com a natureza em seu curso normal
Peguei uma escada
Das mais altas e assustadoras
E insistindo subi, subi,
Subi
Agarrei-a com toda força
Queria aquela nuvem para mim
Porém
Quanto mais eu tento contê-la em minhas mãos menos dela tenho em mim
E,
Se eu simplesmente a soltar ela voltará para aquele céu azul e distante
Ah...
Como pode ser assim?!
Como o amor as vezes pode ser tal qual uma nuvem...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quem sou eu?

Um trecho de uma obra inacabada, esquecida em alguma gaveta de alguma casa envelhecida à beira de um lago qualquer...
Mesmo assim, é bom viver e amar ainda que eu seja assim esse trecho de obra inacabada.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Linha (não) reta

De repente você está caminhando em linha reta
E quando resolve olhar para trás descobre que aquela estrada não era exatamente em linha reta como você pensava
E percebe que tudo dói de verdade
Que não enxergar o que vê só faz marcas ainda mais profundas.
Olha para os lados e vê suas mãos ali sozinhas
Mas como?!
Eu jurava que as mãos dele estavam também aqui...
Amar é escolha
E nem sempre a escolha é mútua
Resolver seguir só (como só você se sentia)
Talvez seja a dor mais intensa
E a mais simples para ser superada.
Mas como apagar um amor
Que ainda vive aqui dentro?
E sente infinitamente que aquelas mãos outra vez estarão aqui.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Inocência

Certo dia a caminho da universidade dividi a cadeira com uma garotinha que queria a qualquer custo sentar-se próximo ao corredor ônibus. Estranho, já que garotinhas gostam da janela. Acontece que eu queria fugir do sol e não quis ceder aos olhares da garotinha. Minutos depois, a menina, pedindo delicadamente, queria trocar de lugar. Eu friamente retirei os fones de ouvido e lhe perguntei: “por que quer sentar em meu lugar?”. E ela, tão docemente respondeu: “é que eu quero ficar perto de meu amigo que vai subir ali.” Vendo seus olhos brilhando compreendi a intenção e imediatamente trocamos de lugar.
Eu já havia observado os dois conversando noutros dias. Ônibus lotado e ele veio desesperado procurando aquela garotinha, tinha nas mãos um origami. Alheios a todos e ao sol daquele início de tarde, riam, conversavam, exibiam-se. Pura inocência de criança, os primeiros traços de um bem querer, um afeto entre sentimentos tão puros. O brilho nos olhos, o sorriso tão faceiro encantava a todos os adultos que assistiam a cena entreolhando-se como se sentissem saudade de sua tenra idade, como se quisessem abandonar tudo e ser puro outra vez. Gostar assim outra vez.
Depois de meia hora a cena romântica chegou ao fim. A bela garotinha desceu do ônibus, o menino sentou-se ali perto de mim sem perder o sorriso ou o brilho no olhar. Aquela sensação de pureza e inocência ficou ali parada no ar. E cada vez que me lembro de tão intensa cena, suspiro, sentindo saudade de meu passado passado.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A CHUVA

O garotinho passou horas e horas construindo aquela máquina maravilhosa.
Tanto capricho, tanto desvelo, tanto cuidado.
Protegia a máquina de Valente, o bravo cachorro que tinham em casa.
Lili, a pequena irmãzinha, não podia nem encostar que o garotinho imediatamente bradava que a máquina era delicada.
Todos os dias ele ia até a janela...
E a chuva não cessava.
Como pode ser isso mamãe?!
Perguntava a cada manhã para sua mãe que já não tinha mais argumentos que pudessem explicar que A CHUVA SEMPRE PASSA.
Mas não passa nunca!
Nunca é muito tempo meu pequeno
e você tem a vida inteira pela frente.
Os dias passam tão depressa...
Vou lhe ensinar um segredo, disse baixinho ao garotinho
Todas as noites antes de dormir pense com bastante força AMANHÃ VAI SER UM DIA LINDO!
E cheio de esperança ele quis dormir mais cedo naquela noite.
Na manhã seguinte Lili esperava seu irmão acordar olhando bem de perto em seus olhos.
Ainda ta chovendo sabia? Nunca mais vai parar de chover? Você nunca vai poder usá-la.
Disse a espoleta não imaginando a dor que causara no coração de seu pequeno amado.
Ele passou o dia cabisbaixo e o dia pareceu mais longo e chuvoso. Uma chuva densa cobria seus olhos na janela e dentro de si estava tudo ainda mais encharcado que no jardim.
A máquina ali parada o convidava para grandes aventuras
...
E os dias pareciam infinitos...
Querido, acorde!
A esperança traz a felicidade em passos lentos
Devagar para chegar e ter força para invadir o coração.
Levante, venha ver o dia.
Ele mal ouvia o som da voz doce de sua mãe
Procurava som de chuva.
Valente, o cão latia desesperado de tanta felicidade lá fora no jardim
Tem muita água lá fora, vá devagar.
Ele sem medo e transbordando de alegria
Agarrou-se em seu sonho construído com as próprias mãos
Lembrava-se da frase A CHUVA TAMBÉM PASSA
A chuva se foi... ela se foi... veja que céu azul... nuvens...
vento...
Onde está o vento?
Preciso dele mamãe.
Espere. Tenha calma.
Depois da chuva a brisa vem sempre suave acalmando tudo.
Sua máquina estava ali pronta.
E delicadamente ele a soltava com cuidado para não tocar no chão ainda molhado.
A máquina subia envergonhada, devagar ganhava o céu.
Era uma pipa linda
Verde e amarela
Voava com tamanha sutileza que parecia dançar acordes perfeitamente compostos para aquele momento.
Todos parados olhando a pipa subir e subir
Encontrar-se com as nuvens
E mais tarde voltar segura para as mãos do garotinho feliz,
que mesmo desanimado acreditou...
A CHUVA SEMPRE PASSA.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

DOR

Nunca imaginei nem em meus delírios mais alucinados
Que a dor poderia ser palpável.
E é.
Ela é dura, gélida, negra.
A dor paralisa a alma e constrange todos os outros sentimentos
Ela grita tão alto que nada mais sobra além dela
Não, eu não me refiro à dor física
Essa passa com uma dose de farmácia
Falo sim da dor causada por um sentimento chamado amor
Que sendo ferido isola-se como numa ilha
É assim que me sinto
Uma ilha de dor cercada por todos os lados do mais puro amor
E esse amor/dor há de se transformar em raiva ou em rima
Assim espera o poeta que de joelhos
Suplica por um golpe de misericórdia
Suplica para ser salvo desse mar de nada
De sentimentos calados
Vazios
Confusos
Que triste grita apenas querendo amor

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Decisões

De repente você está caminhando em linha reta
E quando resolve olhar para trás descobre que aquela estrada não era exatamente em linha reta como você pensava
E percebe que tudo dói de verdade
Que não enxergar o que vê só faz marcas ainda mais profundas.
Olha para os lados e vê suas mãos ali sozinhas
Mas como?!
Eu jurava que as mãos dele estavam também aqui...
Amar é escolha
E nem sempre a escolha é mútua
Resolver seguir só (como só você se sentia)
Talvez seja a dor mais intensa
E a mais simples para ser superada.
Afinal, sofrer não é mesmo opcional?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Poesia feliz

Não sei escrever poesia feliz
Não sei falar de caminhos floridos
De sorvete no final da tarde
De risada gostosa depois daquela palavra que você usa só pra me provocar
Não sei falar de dias alegres
De ligações inesperadas no meio da tarde
Nem de saudade cinco minutos depois da despedida
Não sei narrar sobre mimos
Carinho
Beijinho na face
Cafuné
Toque
Não sei descrever esse seu sorriso encantador
Que me inebria e encanta

Também não sei relatar como seus dedos sabem exatamente onde tocar.
Pare! Não insista.
Não sei falar dessas coisas de sonhar em estar com você num dia de chuva
Não sei traçar com detalhes aquelas suas mãos frias procurando as minhas na rua
Não sei como explicar o coração pulsando mais rápido
E jamais saberei exprimir em palavras escritas o cantarolar de pássaros que ouço quando estou caminhando contigo
Não sei definir o som de sua voz cantando em meu ouvido canções escolhidas ao acaso que casualmente falam de amor
De encontro
De amar.
Não adianta, não sei escrever poemas felizes.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Inquietude

As palavras voam em minha mente e não consigo tocá-las.
Talvez elas tenham muito medo de encontrar meus sentimentos.
E revelar todo medo toda dor toda inquietude.
Elas insistem em fugir aqui de mim.
Venham, não tenham medo!
Ajudem-me...
Sinto tanta agonia nessa noite fria
As cenas que vem em mim são como nuvens altas e inacessíveis
Tenho saudade de algo que nunca vivi
E o sonho de hoje não é suficiente para me fazer voltar a dormir.
E essas palavras malditas que teimam em não me prestar favor
E de verdade enfim revelar que sofro apenas de amor.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mãos dadas...

Ontem eu caminhava ao seu lado
Falávamos da chuva
Da brisa
De dias floridos
Dos sonhos
Pesadelos
Castelos de areia em pleno deserto
E o caminho nos levava...
Nesse instante sua mão entrelaçou a minha
Senti o calor de tua pele

Seus dedos entre os meus
Ouvi sons de música.
O tempo parou
As palavras e pensamentos tornaram-se confusas
Não havia nexo
Como?
O que acontecia ali?
Foi mágico...
Só os que se permitem amar compreendem o que se passa num instante de mãos dadas.
E para quem perdeu esse encanto
E já não sente nada
Ah, volte a cantarolar pela praça
Reconquiste o prazer delicado de amar.

Música para quem gosta de Música!

Quem já teve oportunidade de ouvir ao menos uma hora de músicas num rádio vai do amor ao ódio de uma canção a outra.
Um canta incentivando ao amor, a entrega, a paixão. A seguinte recomenda futilidades. Outra canção lhe diz pra não ter ciúme, que esse sentimento é destrutivo e chato. Certo compositor diz que se você não cuidar do ser amado vai perdê-lo facilmente. Um grita que fidelidade é fundamental, outro vem e diz pra perdoar o ‘’escorregão’’ do cara que te traiu descaradamente. Música de despedida, de apelo pra voltar, de entrega absoluta, de independência ou morte. Letras com romantismo novelesco, outras com alusão clara ao sexo e prazer físico a qualquer custo. Alguém canta que o toque é essencial outro vem e sussurra que beijar nem é tão especial...
Desligar o rádio?
NÃO!
Viva a diversidade e liberdade de expressar cada sentimento, desejo e raivas nossas de cada dia.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Certezas

O que eu não quero?
Dias cinzentos
Passos rápidos
Suas mãos ai longe das minhas
Você com essa cara de que não entende nada
Sorvete de pimenta malagueta
Lágrimas em dia de sol
Não quero mais aquela blusa florida que você tanto adora
Nem usarei mais flores na minha vida!
O que eu quero?
Nuvens branquinhas sem marcas de chuva
Ventania na montanha vizinha
Contar-te os segredos dos meus amigos
Ouvir os segredos dos seus
O mar aqui bem pertinho
E a areia sempre fresquinha
Rede pra balançar ao meio-dia
E ao entardecer
Você!
Como definir um sonho
Sonhos
Castelos de areia construídos sobre o calor escaldante do verão mais intenso.
Sonhos
Algodão-doce gigante feito em festa de aniversário de criancinha.
Sonhos
Roupa nova esperando elogios imediatos.
Sonhos
Encontrar chocolate esquecido ali naquela gaveta do lado.
Sonhos
Dia de chuva acompanhado de cama quentinha e sessão da tarde em dia feliz.
Sonhos
Cara brava do pai esperando no sofá com a luz apagada.
Sonhos
Não ganhar o presente que você tinha certeza que ia chegar.


Sonhos são como lembranças boas e ruins que nos fazem querer acordar e realizá-los ou então deixá-los de uma vez por todas.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Água e Vinho

Embriaga-te de água e vinho!
Palavras são como essas preciosas bebidas saboreadas na porção e momentos certos.
Aliviam, empobrecem, renovam, maltratam, acariciam, esbofeteiam alma e coração.
Tudo de uma vez (como o beduíno no ardor do deserto) ou pouco a pouco (como o sommelier no frescor de uma adega).
Palavras são água e vinho.