domingo, 9 de agosto de 2009

O menino do estilingue




Eis o menino parado em sua janela
Olhando o vazio da rua
Parado enquanto nada lhe vem à cabecinha também vazia
Lembra-se do presente comprado há tanto tempo.
Volta para o quarto, outra vez parado diante da bagunça
E agora? Onde está? Onde eu o guardei?
Pensa levemente, procura pausadamente com os olhos...
Mas só vê o amontoado de mil coisas espalhadas.
Em sua cabeça, até então vazia, ouve vozes, frases, discursos
“Arrume este quarto menino”
“Quando precisar de alguma coisa com urgência nada há de encontrar”
“Onde estão aquelas meias coloridas que te dei? Iam combinar com a camisa cor de céu”
O estilingue é o que ele deseja encontrar
Se vê obrigado a arrumar
Em sua busca escava lembranças
Saudade
Dor
Alegria
Encontra bilhetes, uma foto perdida fazia tempos e tempos
Uma letra de música que o faz pensar em sua menina
Os brincos perdidos da mãe
A tampa esquecida de certo frasco de perfume...
Tão surreal tornou-se aquela arrumação
Que aos poucos sua cabeça outrora vazia
Enchia-se de certezas, decisões, euforia!
Era tudo que ele queria!
No fim, bem no fim da aventura
Quando tudo resplandecia e parecia haver harmonia
Sentou-se no meio do quarto
Tudo parecia claro, arrumado dentro de si
E lembrou-se que no início da tarde buscava apenas um brinquedo perdido.
Riu ao lembrar que o estilingue estava estrategicamente guardado no quintal onde ninguém poderia encontrar.

2 comentários:

  1. kkkk.. muitas vezes é necessária fazer uma arrumação nas coisas pra lembrar onde elas estão.

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