quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A CHUVA

O garotinho passou horas e horas construindo aquela máquina maravilhosa.
Tanto capricho, tanto desvelo, tanto cuidado.
Protegia a máquina de Valente, o bravo cachorro que tinham em casa.
Lili, a pequena irmãzinha, não podia nem encostar que o garotinho imediatamente bradava que a máquina era delicada.
Todos os dias ele ia até a janela...
E a chuva não cessava.
Como pode ser isso mamãe?!
Perguntava a cada manhã para sua mãe que já não tinha mais argumentos que pudessem explicar que A CHUVA SEMPRE PASSA.
Mas não passa nunca!
Nunca é muito tempo meu pequeno
e você tem a vida inteira pela frente.
Os dias passam tão depressa...
Vou lhe ensinar um segredo, disse baixinho ao garotinho
Todas as noites antes de dormir pense com bastante força AMANHÃ VAI SER UM DIA LINDO!
E cheio de esperança ele quis dormir mais cedo naquela noite.
Na manhã seguinte Lili esperava seu irmão acordar olhando bem de perto em seus olhos.
Ainda ta chovendo sabia? Nunca mais vai parar de chover? Você nunca vai poder usá-la.
Disse a espoleta não imaginando a dor que causara no coração de seu pequeno amado.
Ele passou o dia cabisbaixo e o dia pareceu mais longo e chuvoso. Uma chuva densa cobria seus olhos na janela e dentro de si estava tudo ainda mais encharcado que no jardim.
A máquina ali parada o convidava para grandes aventuras
...
E os dias pareciam infinitos...
Querido, acorde!
A esperança traz a felicidade em passos lentos
Devagar para chegar e ter força para invadir o coração.
Levante, venha ver o dia.
Ele mal ouvia o som da voz doce de sua mãe
Procurava som de chuva.
Valente, o cão latia desesperado de tanta felicidade lá fora no jardim
Tem muita água lá fora, vá devagar.
Ele sem medo e transbordando de alegria
Agarrou-se em seu sonho construído com as próprias mãos
Lembrava-se da frase A CHUVA TAMBÉM PASSA
A chuva se foi... ela se foi... veja que céu azul... nuvens...
vento...
Onde está o vento?
Preciso dele mamãe.
Espere. Tenha calma.
Depois da chuva a brisa vem sempre suave acalmando tudo.
Sua máquina estava ali pronta.
E delicadamente ele a soltava com cuidado para não tocar no chão ainda molhado.
A máquina subia envergonhada, devagar ganhava o céu.
Era uma pipa linda
Verde e amarela
Voava com tamanha sutileza que parecia dançar acordes perfeitamente compostos para aquele momento.
Todos parados olhando a pipa subir e subir
Encontrar-se com as nuvens
E mais tarde voltar segura para as mãos do garotinho feliz,
que mesmo desanimado acreditou...
A CHUVA SEMPRE PASSA.

Um comentário: